No turbilhão de atividades diárias, muitas vezes subestimamos o poder do sono como um componente importante para manter nossa saúde em equilíbrio. Além disso, muitas vezes esquecemos que ele é muito mais do que um período de descanso tranquilo, é uma faceta fundamental do nosso bem-estar físico e mental.
Pense em suas atividades diárias: qual delas é tão importante que você deve dedicar um terço do seu tempo para realizá-la? Provavelmente, a primeira coisa que virá em sua mente é trabalho, família ou atividades de lazer, certo? É muito normal, por conta do cotidiano corrido e estressante, reduzirmos o tempo de sono, pensando não ser um problema, porque existem outras atividades mais urgentes ou importantes.
O que não lembramos é que o cérebro trabalha arduamente, tanto quanto você, para aprender, criar memórias e novas ideias, e isso acontece principalmente durante o período de sono. Além do fato de que a privação dele pode atrapalhar a concentração, reduzir a capacidade de aprender e afetar diretamente o humor, por exemplo.
O Dr. Gabriel Almeida, médico, empresário, palestrante, escritor, coordenador e professor da pós-graduação de Ciências da Obesidade e Sarcopenia, mostra em seu livro “Saúde Além do Tempo”, sete reações que o corpo pode apresentar com uma rotina desregulada de sono ao longo do tempo, entre elas estão:
1. Ganho de peso
Durante o sono, o organismo produz a leptina, um peptídeo que desempenha importante papel na regulação da ingestão alimentar e no gasto energético, e controla a sensação de saciedade ao longo do dia. Segundo um estudo realizado na Universidade de Chicago, pessoas que dormem de seis a oito horas por noite queimam mais calorias do que aquelas que dormem pouco ou têm o sono fragmentado. A pesquisa aponta que a falta de sono reduz em 55% a queima de gordura.
2. Falta de conservação da memória
No período da noite, o cérebro faz uma varredura entre as informações, guardando apenas aquilo que é primordial, descartando o que é supérfluo e fixando lições que aprendemos ao longo do dia. Por esse motivo, quem dorme mal costuma sofrer para se lembrar de eventos simples, como episódios do dia anterior ou nomes de pessoas próximas.
3. Baixa imunidade
Também durante o sono, existem diversos processos no organismo, entre eles, a criação de anticorpos. Portanto, dormir pouco reduz a função imune e o número de células de defesa, responsáveis por combater corpos estranhos no organismo.
4. Metabolismo lento
As mudanças no ciclo do sono podem atrapalhar a síntese dos hormônios de crescimento e do cortisol, hormônio esteroide responsável por atuar em diversos processos fisiológicos do corpo humano, como no controle de açúcar no sangue e no combate de inflamações, já que ambos são produzidos enquanto dormimos.
Quando a noite de sono acontece de forma profunda e sem interrupções, o corpo começa a produzir o hormônio GH, que começa a ser sintetizado apenas 30 minutos após começarmos a dormir. Conhecido também como “hormônio do crescimento”, tem como função a manutenção do tônus muscular, evitar o acúmulo de gorduras, melhorar o desempenho físico e combater a osteoporose.
5. Envelhecimento precoce
Durante o sono produzimos hormônios “rejuvenescedores”, como a melatonina e o hormônio do crescimento. Os maiores resultados da ausência dessas substâncias são uma pele sem viço e com olheiras. Além disso, o estresse provocado pela falta de sono também favorece o aparecimento de rugas.
6. Resistência À insulina
Pessoas diagnosticadas com diabetes, com o sono insuficiente, desenvolvem maior resistência insulínica, o que dificulta o controle da doença. É durante o sono que o corpo estabiliza os índices glicêmicos; por isso, quem não descansa com qualidade acaba sofrendo com o descontrole do nível de glicose, podendo aumentar a resistência à insulina – que é a etapa inicial da diabetes tipo 2.
7. Pressão arterial desregulada
A dificuldade em descansar durante a noite é equivalente a um estado de estresse, aumentando a atividade da adrenalina no corpo. Uma noite mal dormida deixa o organismo em estado de alerta, aumentando a pressão sanguínea. Com o tempo, essa alteração no fluxo sanguíneo se torna permanente, favorecendo o surgimento da hipertensão arterial nesse processo.
Por muito tempo, o sono foi considerado apenas um período em que o cérebro e o corpo estavam desligados. Porém, com o avanço da tecnologia na medicina, muitas pesquisas apontam que ele não é apenas vital para a saúde humana, como também tem fases distintas, que são reparadoras e ajudam na liberação de hormônios importantes para uma melhor qualidade de vida.
Por Carla Andrade