Entenda como a síndrome do pânico afeta a vida das pessoas

Entenda como a síndrome do pânico afeta a vida das pessoas
A síndrome do pânico geralmente não é desencadeada por uma causa específica, mas sim por diferentes fatores (Imagem: Katakari | Shutterstock)

A síndrome do pânico, também conhecida como transtorno do pânico, é caracterizada por episódios de ansiedade e medo intenso e repentino. A Dra. Natalie Dias, médica psiquiatra e preceptora de Residência Médica de Psiquiatria da Santa Casa de São Paulo, explica que essas crises súbitas geralmente atingem o pico em minutos e podem ocorrer sem um motivo aparente. 

Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome do pânico afeta de 2% a 4% da população global. Por sua vez, uma pesquisa da indústria farmacêutica Pfizer apontou que, em 2020, quase 4% dos brasileiros eram afetados pela doença, sendo que as mulheres representavam 71% dos casos. 

Diferenças entre síndrome do pânico e crises de pânico 

Apesar de serem confundidas por muitos, a síndrome do pânico e as crises de pânico são caracterizadas de formas diferentes pela medicina. A Dra. Natalie Dias comenta que a primeira é marcada por ataques constantes. Por sua vez, a segunda é qualificada como um evento esporádico. 

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Além disso, Michele Silveira, psicóloga e logoterapeuta, cita que uma crise de pânico, na maioria das vezes, é oriunda de um medo real. “Uma pessoa que tem medo de cachorro, ela vê um cachorro e tem um ataque de pânico”, exemplifica. Já a síndrome do pânico, em boa parte dos casos, não é fruto de um medo real e concreto. 

Sintomas da síndrome  

Os sintomas da síndrome do pânico podem variar de pessoa para pessoa. Contudo, de acordo com a Dra. Natalie Dias, as crises súbitas incluem pelo menos 4 dos sinais listados abaixo: 

  • Palpitações; 
  • Suor excessivo; 
  • Tremores ou abalos; 
  • Sensação de falta de ar ou sufocamento; 
  • Sensação de asfixia; 
  • Dor ou desconforto torácico; 
  • Náusea; 
  • Desconforto abdominal; 
  • Tontura; 
  • Desmaio; 
  • Calafrio ou ondas de calor; 
  • Anestesia ou sensação de formigamento; 
  • Sensação de irrealidade ou de estar distanciado de si mesmo; 
  • Medo de perder o controle; 
  • Medo de morrer. 

“Além desses sintomas, pessoas com síndrome do pânico também experimentam uma preocupação constante com a possibilidade de ter outro ataque. Isso pode levar a comportamentos de evitação, nos quais elas tentam evitar lugares, situações ou atividades que acreditam que possam desencadear uma nova crise”, complementa a psiquiatra.  

As diferentes causas da síndrome do pânico

Assim como outras doenças psicológicas, a síndrome do pânico geralmente não é desencadeada por uma causa específica, mas sim por diferentes fatores. Conforme explica a Dra. Natalie Dias, eles são: 

  • Temperamentais: afetividade negada (propensão a experimentar emoções negativas) e sensibilidade à ansiedade (disposição a acreditar que os sintomas ansiosos são extremamente prejudiciais). 
  • Ambientais: experiências infantis de abuso sexual e/ou físico, bem como o hábito de fumar e/ou beber. 
  • Genéticos e fisiológicos: risco aumentado para filhos de pais que apresentam transtornos de ansiedade, depressivo e bipolar. Além disso, acredita-se que múltiplos genes confiram vulnerabilidade à síndrome do pânico.  

Síndrome do pânico e outras doenças 

Segundo a Dra. Renata Coelho, psicóloga e professora do curso de Psicologia na Universidade Estácio de Sá, de modo geral, é comum que a síndrome do pânico coexista com outras doenças, como depressão, ansiedade generalizada, transtornos psicóticos e distúrbios relacionados ao abuso de drogas ilícitas ou lícitas.

Consequências da síndrome do pânico 

Além de impactar a saúde mental, a síndrome do pânico também pode trazer consequências para a vida pessoal, profissional e acadêmica do indivíduo. A Dra. Renata Coelho explica que isso ocorre porque tal doença pode impedir o convívio social e causar incapacidade funcional, o que levaria a um afastamento das atividades diárias. 

Mulher sentada em um sofá bege conversando com psicóloga
A psicoterapia ajuda a identificar os sintomas da síndrome do pânico com maior facilidade e certeza (Imagem: Wavebreakmedia | Shutterstock)

Diagnóstico da condição

O diagnóstico da síndrome do pânico é realizado de forma clínica, isto é, por meio da descrição dos sintomas. Apesar disso, “muitas vezes, o psiquiatra pode pedir exames ou fazer investigação multidisciplinar para excluir outras condições, como doença da tireoide ou cardíacas”, relata a Dra. Natalie Dias.  

Tratamentos indicados 

Os tratamentos para a síndrome do pânico envolvem abordagens terapêuticas e medicamentosas. A Dra Natalie Dias informa que a terapia deve ser personalizada para atender as necessidades específicas de cada pessoa, levando em consideração a gravidade dos sintomas, fatores causais e preferências individuais. 

Por sua vez, os medicamentos podem ser prescritos para controlar os sintomas do transtorno, especialmente em casos de ataques de pânico graves ou frequentes. “A escolha da medicação também depende das necessidades individuais do paciente e deve ser feita somente após a avaliação do psiquiatra”, complementa a especialista.  

Benefícios dos tratamentos 

Para além do controle dos sintomas, os tratamentos também oferecem outros inúmeros benefícios. A Dra. Renata Coelho detalha que eles podem ajudar o paciente a recuperar a qualidade de vida funcional e relacional, bem como auxiliar no desenvolvimento do controle emocional e no reconhecimento dos estímulos que causam alterações emotivas.  

A importância da rede de apoio 

Tão importante quanto os tratamentos para uma pessoa que convive com a síndrome do pânico, é a sua rede de apoio. No entanto, esse auxílio deve ser realizado da maneira correta. Para isso, amigos e familiares precisam “entender o que a pessoa está passando e viabilizar momentos prazerosos. É acolher, escutar e prestar atenção”, explicita a psicóloga Michele Silveira.  

Ademais, a Dra. Natalie Dias ressalta que a rede de apoio deve ajudar o indivíduo a evitar fatores estressantes, assim como incentivar o paciente a buscar tratamentos adequados, praticar atividades físicas e ter uma alimentação saudável.

Agnes Faria

Jornalista pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Entusiasta das ideias e nuances do jornalismo moderno. Já atuou na produção de conteúdo para portais de notícias, revistas, blogs e redes sociais. Na EdiCase, escreve sobre diferentes temáticas, como informática, educação, saúde e entretenimento.

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