Crianças adoram colorir, e isso não costuma ser diferente com os cabelos, principalmente quando um adulto próximo adota o visual. Porém, esse é um caso que deve ser analisado com bastante atenção. “Crianças não devem e não podem pintar o cabelo, pois seus fios são mais finos e a pele mais sensível. Isso pode ocasionar alergia no couro cabeludo e na pele”, alerta Ruth Ferreira, sócia do Studio Carpe Diem, salão unissex que reúne beleza e estética no Rio de Janeiro. Segundo a hair stylist Eliane Pavini, a idade ideal é a partir dos 13 anos, dependendo muito do que será feito.
Colorir sem pintar
É possível encontrar no mercado produtos que não agridem os fios, mas o ideal é não usar tintas no cabelo das crianças. “Uma opção de mechas para as crianças seriam tique-taques coloridos, que podem ser comprados em lojas de artigos para cabelos”, sugere Ruth Ferreira. Esses tique-taques dão um efeito natural muito bonito, não agridem o cabelo, são fáceis de colocar e ainda deixam a criança feliz.
Mas por que pintar o cabelo infantil?
Sylvia Caram, psicóloga clínica, psicanalista e especialista em educação infantil, chama a atenção para o desejo da criança em mudar a imagem e questiona a real necessidade de atender essa vontade. “As meninas podem se espelhar nas imagens maternas e os meninos nas imagens paternas, mas isso não é uma regra. A motivação das crianças, portanto, não se dá baseada na vaidade, mas sobre o desejo de aceitação da imagem que vê refletida no olhar dos pais”, analisa.
Ainda segundo a profissional, a vontade da criança em pintar o cabelo está ligada à construção da autoestima. “Diante da fala da criança que quer promover uma mudança em seu corpo, entendemos que ela está questionando acerca da aceitação de sua imagem perante os pais”, alerta Sylvia Caram.
Infância é para brincar
De acordo com a psicóloga, a criança pode brincar de ser adulto, imitando os pais em seus afazeres e na forma que eles se comportam. “Mas o adulto não precisa corresponder a essas brincadeiras e demandas, permitindo que a brincadeira não passe de uma construção de sua fantasia”, explica.
Segundo ela, a imposição de hábitos do adulto pode promover uma “adultização” precoce, “na qual o corpo da criança sofre com os ataques de um padrão de beleza estipulado pela mídia, ao invés de desenvolver a noção sobre o corpo apenas pelo olhar daqueles que lhe são importantes”, alerta Sylvia Caram.
O pedido da criança para mudar a cor do cabelo deve ser analisado, se isso faz parte de uma brincadeira ou se ela está buscando uma forma de ser aceita. Então, não é recomendado em nenhum aspecto deixar a criança colorir os cabelos; o tique-taque colorido pode ser a melhor opção, deixando claro para a criança que é uma brincadeira.