Entenda o transtorno psiquiátrico dos personagens de “Coringa 2”

Entenda o transtorno psiquiátrico dos personagens de “Coringa 2”
Em "Coringa 2", Coringa e Arlequina lidam com o transtorno psiquiátrico "Folie à Deux" (Imagem: Reprodução original | Warner Bros.)

A tão aguardada sequência do filme “Coringa 2” promete mergulhar ainda mais fundo na mente conturbada do protagonista, agora acompanhado por sua parceira, Arlequina. Neste novo longa, ambos enfrentam um desafio ainda mais intrigante: o raro transtorno psiquiátrico conhecido como folie à deux (termo em francês).

Apesar de estar em uma ficção, essa é uma doença mental real. “O transtorno, que em português significa ‘loucura a dois’, é uma condição considerada rara e documentada há relativamente pouco tempo em relação a outros distúrbios”, explica o psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento.

O que é folie à deux?

Folie à deux é um termo francês que descreve um transtorno delirante induzido considerado raro em que duas pessoas dividem uma mesma ilusão ou delírio compartilhado. Geralmente ocorre em relacionamentos próximos, como entre casais, irmãos ou amigos íntimos, em que uma pessoa induz ou influencia a outra a adotar suas crenças ou ideias irracionais.

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Normalmente, mas não exclusivamente, há confinamento entre ambos ou muito contato e pouca influência exterior. O transtorno pode gerar comportamentos perigosos e é diagnosticado por um psicólogo ou psiquiatra com base na observação do convívio entre as pessoas.

Dois perfis de cabeças humanas viradas uma para a outra; a da esquerda está aberta exibindo uma lâmpada acesa e engrenagens conectadas simbolizando uma ideia fluindo para a outra cabeça, que está aberta com uma lâmpada apagada e interrogações
Folie à deux envolve forte convivência e compartilhamento de tarefas, interesses, ideias, crenças e opiniões (Imagem: rudall30 | Shutterstock)

Causas do transtorno folie à deux

Ainda não se entende completamente como o transtorno se desenvolve, mas sabe-se que a forte convivência com pouco contato exterior e compartilhamento de tarefas, interesses, ideias, crenças e opiniões se fazem presentes.

Entendem-se dois atores para a síndrome — um, mais ativo, inteligente e psicótico, responsável por produzir e apresentar inicialmente as ideias delirantes primárias; o segundo, com papel mais passivo diante da situação, com personalidade mais sugestionável, limitações físicas ou psicossociais, favorecendo, gradualmente, a assimilação das ideias distorcidas em uma espécie de “contágio psiquiátrico”.

A condição também pode se manifestar como folie à trois, à quatre etc., quando são envolvidos mais personagens no delírio sob as mesmas condições de quando ela ocorre em dupla, ou seja, ambiente recluso e interações externas limitadas.

Tratamento para o transtorno folie à deux

Segundo o Dr. Flávio H. Nascimento, o tratamento para o transtorno folie à deux ainda é escasso, mas a separação e a psicoterapia são os principais meios. “Por ser relativamente nova e bastante rara, a condição possui poucos tratamentos, sendo baseada quase que exclusivamente na separação entre os dois indivíduos. Essa abordagem costuma ser mais eficaz para o indivíduo ‘secundário’ afetado pela loucura do agente principal. Já o ‘indutor’ costuma passar por internação, psicoterapia individual e familiar e tratamento farmacológico”, explica o médico.

Por Tayanne Silva

Redação EdiCase

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