Maceió e Sul de Alagoas: conheça os principais pontos turísticos
Com 130 km de extensão de corais, o litoral alagoano é o segundo do planeta em banco dessa delicada vida marinha, perdendo apenas para a Austrália. O povo hospitaleiro e sorridente é outra característica local, onde a gastronomia também é um grande destaque. Prepare-se para a mudança de seu relógio biológico porque nesse pedaço do Brasil a noite chega cedo, às 18:00 h. Em compensação, o sol também chega cedo, bronzeando as areias da beira-mar.
Maceió
A capital do estado tem três praias que valem a pena ser visitadas: Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca. Em todas, a faixa de areia é curta com um mar que apresenta ondas. A praia de Pajuçara é uma das mais movimentadas, com bares e restaurantes e hotéis de categoria internacional.
O Espaço do Artesão, Mercado Municipal e Mar de Corais são pontos obrigatórios a serem visitados, assim como o restaurante Bodega do Sertão, onde Marias Bonitas servem as mesas dispostas em um ambiente que traz exposto vários utensílios utilizados pelo homem do sertão e da caatinga, pratos exclusivos como um temaki de tapioca recheado de salmão, escondidinho de carne seca, bobó de cabrito. A entrada tem vários pontos instagramáveis, como um imenso bule de ágata, burricos, banco entre cactos, entre outros.
Rumo ao Sul
Programe ao menos três dias para conhecer o sul do estado. Além das belezas naturais, é um mergulho na história do Brasil.
Marechal Deodoro
A apenas 18 km de Maceió, o município tem duas praias famosas: a do Gunga e a do Francês. Foi a primeira capital de Alagoas e o berço do nascimento do Marechal Deodoro da Fonseca, que proclamou a república e foi o primeiro presidente do país. Foi palco de luta entre portugueses e holandeses.
Devido à extração do pau-brasil, os “raposas” – como eram chamados os holandeses devido a seus cabelos, que tinham a mesma coloração dos pelos das raposas – contaram com o apoio de Calabar para a retirada da madeira e chegaram a construir um falso hospital de leprosos, onde estocavam os troncos a serem enviados para a Holanda, mantendo curiosos e até mesmo o exército longe do lugar.
Considerada também a “Capital da Música”, com sete filarmônicas, sendo duas delas centenárias, além das bandas de pífanos, desperta já na escola o gosto pelos instrumentos, com aulas de iniciação musical para os onze mil alunos da rede pública. O centro histórico guarda preciosidades arquitetônicas e históricas, como o Palácio Provincial, que hospedou a família imperial no século XVIII. Os complexos Franciscano e das Carmelitas, em estilo barroco rococó, datam do século XVI, além de outras quatro igrejas menores, todas tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Turismo histórico
No complexo dos Franciscanos, no alto da torre, uma imagem centenária do santo dos pobres esculpida em barro se destaca diante de tanta ostentação. No altar-mor, com aplicações de folhas de ouro, a antiga imagem de madeira de Nossa Senhora da Conceição, trazida da Europa, chama atenção pela sua beleza. O local abriga também o Museu de Arte Sacra, com peças divididas em vários espaços temáticos, podendo ser feito um tour acompanhado por monitor.
Ainda no centro de Deodoro, um prédio antigo abriga as rendeiras e bordadeiras locais dentro do projeto “Mulheres Geram Renda”, que resgatam o ponto filé, característico dessa região. A gastronomia é ponto forte no município. A região da Massagueira, à beira da lagoa, é uma verdadeira avenida de sabores, com diversos restaurantes com receitas locais abençoados pela vista esplendorosa ao pôr do sol, quando o astro rei reflete sua luz no espelho d’água fazendo parecer uma lagoa de ouro.
Praia do Francês
Pode ser considerada a mais charmosa praia de Alagoas. O bairro, totalmente projetado, tem uma região dedicada aos restaurantes, que vão de hambúrgueres artesanais a altas receitas exclusivas da culinária mediterrânea. Denominada da “La Rue”, floreiras e bancos se espalham pelas calçadas e, aos finais de semana, se transformam em um boulevard. A praça linear liga a praia ao estuário do mangue, homenageando uma antiga bordadeira local, e é também o espaço dos artesãos, onde se concentram 32 lojinhas padronizadas, com venda de rendas, bolsas e várias lembranças locais.
A praia de mar sereno e de cor esmeralda tem sua orla iluminada com postes em madeira que trazem a figura do peixe, espelhando os pescadores locais. Bancos se intercalam com peças representativas, como jangada e âncoras, com parte de piso tátil. O sul da Praia do Francês, com ondas perfeitas para o surf.
A prática do surfe é local da etapa do campeonato nacional do esporte, e as areias recebem competições como circuito internacional e nacional de beach tênis.
Praia do Gunga
O mar aqui mescla tons de azul escuro a azul turquesa, com milhares de coqueiros e falésias de tons diversos, que fazem com que a praia do Gunga seja considerada uma das mais bonitas do Nordeste. Com ponto de apoio com vários restaurantes e beach clubs, do local saem vários passeios, como os de barco, catamarã, buggy, helicóptero e parapente. Há opções para todos os gostos e bolsos. Uma pequena galeria abriga várias lojas com lembrancinhas e, principalmente, confecções locais, por preços bastante convidativos.
Uma boa opção de passeio é o barco na lagoa que leva à palafita de ostras, tipo de fazenda de produção submersa, próxima de uma ilhota onde os produtores ficam, principalmente, aos finais de semana, preparando pratos de ostras grelhadas ou frescas servidas diretamente no barco que fica atracado próximo. É uma experiência bem diferente. O passeio dura cerca de duas horas e faz ainda uma parada em um banco de areia para fotos e mergulho.
Aproveite para almoçar no Pajú Praia. O restaurante é bastante espaçoso e o serviço é self-service. Há diversos símbolos nordestinos espalhados pelo jardim, aguardando um “click” ou uma selfie, para eternizar a viagem.
Piaçabuçu
A última cidade ao sul do estado de Alagoas tem localização estratégica à beira do chamado Delta do São Francisco, onde o famoso e mais querido rio brasileiro deságua no mar, terminando seu percurso. O passeio pelo rio é feito com um catamarã, parecido com uma chalana, com dois andares que acomodam cerca de 300 pessoas. Há também opção de fazer o percurso em lanchas.
Navegar pelas águas do “velho Chico” traz no peito um sentimento que mescla felicidade e nostalgia, talvez por essa estrada de água ter sido retratada tantas vezes que mexe com nosso imaginário. As águas tranquilas, mesmo nesse trecho em que já passa a se misturar com o mar, tornando a água salobra, fazem do local um grande estuário. É possível avistar as margens dos dois estados divididos pelo rio – Alagoas e Sergipe.
O ponto alto do passeio é a chegada às últimas dunas móveis do estado, formadas por areia grossa e cor de âmbar, que se estendem por vários quilômetros, formando por vezes oásis de coqueiros que dançam ao sabor dos ventos.
O barco atraca para que se possa conhecer de perto as paisagens indescritíveis formadas pelas ondulações das areias e para compras na feirinha com barracas improvisadas com pedaços de pau e cobertura plástica, onde um grupo de artesãs de Sergipe se acomoda todos os dias para venda de artesanato em barro, cerâmica e palhas. Vendedoras de cocada também têm espaço, oferecendo delícias como cocada de jabuticaba, gengibre, pimenta, além dos sabores tradicionais. Tudo é feito de forma simples e artesanal.
No retorno, fundo sonoro com a música “Planeta Água”, de Guilherme Arantes, e a imagem das dunas se afastando comovem a todos e nos conscientiza da necessidade de preservarmos esse planeta. Passado esse momento mágico, há apresentações musicais divertidas durante o trajeto até Piaçabuçu e um pouco da história contada pelos guias locais. O passeio certamente agrada a toda e qualquer idade.
Por Patrícia de Campos – revista Qual Viagem