Veja como alimentos ultraprocessados agravam casos de diabetes
O número de diagnosticados com diabetes no mundo é alto e deve crescer. Em 2021, cerca de 529 milhões de indivíduos sofriam com a doença, e os casos da condição devem mais do que dobrar em menos de 30 anos, atingindo a marca de 1,3 bilhão de pessoas, segundo a revista The Lancet. A condição aumenta o risco de doenças metabólicas, renais e cardiovasculares.
“Apesar de o diagnóstico de diabetes tipo 2 assustar, existem recomendações dietéticas que protegem os pacientes de morte por várias causas, incluindo doenças cardiovasculares”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
O perigo do consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados
Um estudo recente mostrou que, entre os idosos com diabetes tipo 2, aqueles com maior consumo de alimentos e bebidas ultraprocessadas tinham maior probabilidade de morte por diversas causas ou por doenças cardiovasculares em uma década.
“Alimentos ultraprocessados são itens prontos para consumo ou de fácil preparo, muitas vezes ricos em açúcar, sódio e gorduras, além de baixos níveis de fibras, proteínas, vitaminas e minerais. São industrializados e geralmente trazem uma grande lista de ingredientes na parte posterior da embalagem, muitas vezes com elementos e siglas de difícil compreensão pelo público geral, como carboximetilcelulose, açúcar invertido, maltodextrina, frutose, xarope de milho, aromatizantes, emulsificantes, espessantes, adoçantes, entre outros”, diz a endocrinologista.
Os adultos diabéticos que consomem esses alimentos tiveram um risco 2,5 vezes maior de morte por doenças do coração durante o acompanhamento em comparação com aqueles que seguiam a dieta mediterrânea (com enfoque em alimentos saudáveis).
Alimentação ideal para prevenção e controle da doença
A médica explica que as recomendações dietéticas para prevenção e controle do diabetes tipo 2 priorizam quase exclusivamente o consumo de alimentos nutricionalmente balanceados que são fonte de fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis e pobres em açúcares livres. “Padrões alimentares como a dieta mediterrânea e a dieta DASH, que colocam grande ênfase em grupos de alimentos (por exemplo, grãos integrais, legumes, nozes, frutas e vegetais), independentemente do processamento dos alimentos, são bem-vindas”.
A médica afirma que “além da adoção de uma dieta baseada em requisitos nutricionais bem conhecidos, as recomendações dietéticas também devem sugerir limitar o consumo de alimentos ultraprocessados o máximo possível”.
A importância de rótulos nutricionais completos
Os rótulos nutricionais frontais devem incluir informações sobre o grau de processamento dos alimentos. “A alta ingestão de ultraprocessados pode exacerbar os riscos à saúde em pessoas com diabetes tipo 2, que já correm maior risco de mortalidade prematura, principalmente devido a complicações relacionadas ao diabetes”, diz a médica.
Resultado da pesquisa
No estudo, os pesquisadores analisaram dados de fatores ambientais e genéticos subjacentes à doença, com 24.325 indivíduos possuindo 35 anos ou mais que viviam em Molise, no centro-sul da Itália, entre 2005-2010. A maior ingestão de ultraprocessados foi de carne processada (22,4%), pão e torradas (16,6%), pizza não caseira (11,2%) e bolos, tortas, pastéis e pudins (8,8%). Durante o acompanhamento médio de quase 12 anos, 308 participantes morreram por causas variadas, incluindo 129 que morreram de doença cardiovascular.
“Outro dado importante é que o aumento da ingestão de sucos de frutas, bebidas carbonatadas e biscoitos salgados foi associado a taxas mais altas de mortalidade por todas as causas [causas variadas] e por doença cardiovascular, e o consumo de cubos de caldo e margarina foi ainda relacionado à maior mortalidade por doenças no coração”, finaliza.
Por Maria Claudia Amoroso