Veja quando optar por MDF ou MDP para os móveis
Em um projeto de marcenaria, o cuidado com a escolha entre MDF (Medium Density Fiberboard) e MDP (Medium Density Particleboard) é essencial, mesmo que à primeira vista esses materiais pareçam semelhantes. Porém, suas diferenças estruturais e de desempenho podem impactar significativamente a durabilidade e a estética do mobiliário final.
Nesse contexto, o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA Studio, compartilha ideias valiosas sobre esses materiais, explicando sobre as suas diferenças e oferecendo orientações práticas baseadas em sua vasta experiência em projetos residenciais.
Ao compreender quando e como utilizar MDF e MDP, é possível garantir não apenas um resultado estético harmonioso, mas também a funcionalidade e a longevidade dos móveis em diferentes ambientes domésticos.
Diferenças entre MDF e MDP
Uma chapa de MDF é formada por fibras de madeira e resina sintética que resultam em uma massa uniforme. Por apresentar um preenchimento superior, é mais fácil executar cortes em diferentes formatos e direções, principalmente os curvos, em função das frestas e partículas. “Nesses casos, o MDP resultaria em um acabamento irregular e com rebarbas”, explica o profissional.
Produzida em madeiras prensadas, entre as quais é possível observar frestas com ar, a chapa de MDP se diferencia do MDF justamente nesse quesito. Enquanto a primeira constitui uma massa sólida e totalmente preenchida, a segunda permite que esses pequenos espaçamentos acumulem oxigênio.
“Os dois materiais são muito usados na fabricação de móveis diversos e geralmente possuem acabamentos laminados, fazendo com que fiquem idênticos quando os móveis estão prontos. A diferença está nas possibilidades de manuseio e características de utilização”, esclarece Bruno Moraes.
Usos distintos no décor de interiores
Segundo o arquiteto, antes de decidir por um ou por outro, é necessário avaliar para qual finalidade os materiais serão usados. Por si, o MDF é denso, versátil, mais resistente ao atrito, sua superfície lisa aceita bem a pintura, e a facilidade no recorte possibilita criar móveis com design diferenciado e combinações entre os mais diferentes projetos. Porém, Bruno Moraes recomenda que deve ser utilizado com cautela em ambientes úmidos, pois, em contato com a água, é comum ocorrer o estufamento.
Já o MDP é mais resistente ao peso e tem sua melhor aplicabilidade em ambientes úmidos por conta dos espaços entre as partículas de madeira que impedem o rápido estufamento. Por suas características, é recomendado apenas para a execução de cortes retos e, em função da sua porosidade, dificulta a remoção e a recolocação de parafusos, o que pode desgastar o móvel com mais facilidade.
Onde usar cada material
Em linhas gerais, de acordo com Bruno Moraes, o MDF geralmente é indicado para bancadas, prateleiras ou mesas de centro redondas. “É perfeito também para detalhes delicados como painéis ripados”, destaca. Já o MDP pode ser eleito para as caixarias dos móveis do banheiro ou prateleiras que precisam suportar uma carga mais pesada, como armários, guarda-roupas ou dispensas.
É possível utilizar ambos os materiais no mesmo móvel. Por exemplo, o tamponamento e as caixas de um armário de cozinha podem trazer o MDP, pois ficarão fixados na parede e em contato com as instalações hidráulicas. Já as portas e as gavetas são realizadas em MDF, principalmente se tiver algum detalhe em usinagem ou corte arredondado.
Escolha do acabamento
Em seus projetos, Bruno costuma utilizar o MDF por trabalhar com mesclas entre cores lisas, foscas e com nuances de amadeirado. Ele ressalta que a definição dos materiais depende também das referências solicitadas pelos moradores. “Procuro analisar as características de meus clientes e as preferências na paleta de cores. Também considero que o acabamento deve se conservar bem por, pelo menos, 10 a 15 anos”, enfatiza.
Não é tão simples especificar qual o melhor material, ferragem e custo-benefício para a marcenaria. Posto isso, é aconselhável procurar um profissional para definir conforme o projeto e conseguir montar um orçamento.
Por Emilie Guimarães