Estresse pós-traumático: conheça as causas e os tratamentos
O transtorno de estresse pós-traumático, também conhecido pela sigla TEPT, é um tipo de ansiedade que pode acometer pessoas que vivenciaram ou testemunharam um evento traumático. Segundo George Oliveira, psicólogo e pós-graduado em Terapia Cognitivo-Comportamental, esse distúrbio é caracterizado por sintomas psíquicos, físicos e emocionais que provocam medos e reações intensas e disfuncionais.
Sintomas do estresse pós-traumático
Assim como ocorre com outros transtornos, o estresse pós-traumático apresenta diferentes sintomas, que podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, de acordo com Aglae Sousa, médica psiquiatra e coordenadora do Departamento de Psiquiatria Social da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os sinais mais comuns são divididos em 4 categorias:
- Sintomas intrusivos: o evento traumático reaparece repetidamente na forma de memórias indesejadas e involuntárias e/ou pesadelos recorrentes;
- Sintomas evitativos: o indivíduo evita de maneira persistente atividades, situações ou pessoas que possam recordá-lo do evento traumático. Além disso, ele pode ser incapaz de lembrar ou falar sobre o ocorrido;
- Sintomas de crenças e emoções negativas: há dificuldade em confiar nos outros, manter relacionamentos próximos, perda de interesse em diferentes atividades, bem como culpa e vergonha;
- Sintomas de alerta constante: ocorrem estados de alerta constante, explosões de raiva, dificuldades para dormir e se concentrar.
Causas do distúrbio
Como o próprio nome diz, o transtorno de estresse pós-traumático é ocasionado devido a uma situação traumática. “Os eventos mais propensos a causar TEPT são aqueles que invocam sentimentos de medo, desamparo ou horror, tais como guerras, agressão sexual, sequestros, assaltos e desastres naturais. Contudo, o distúrbio pode ser causado por qualquer experiência avassaladora, como violência física ou psíquica”, explica a psiquiatra Aglae Sousa.
Por sua vez, Bianca Soll, psicóloga e professora do curso de Psicologia, acrescenta que existem fatores de risco relacionados ao surgimento do estresse pós-traumático, como transtornos mentais prévios e instabilidade familiar e socioeconômica.
Consequências do estresse pós-traumático
Além dos sintomas citados, o estresse pós-traumático pode acarretar outras consequências para a vida dos indivíduos. “O TEPT está associado a níveis elevados de incapacidades sociais, profissionais e físicas. É comum que pessoas com TEPT tenham quase todos os aspectos de suas vidas afetados negativamente, especialmente nas relações interpessoais”, relata a psicóloga Bianca Soll. Ademais, a psiquiatra Aglae Sousa cita que o transtorno também pode acarretar sintomas depressivos.
Diagnóstico do transtorno
O diagnóstico do estresse pós-traumático deve ser realizado por profissionais qualificados através de critérios estabelecidos pelo DSM – 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID – 10 (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento). No caso, o primeiro passo investigativo é a identificação de algum evento traumático na vida do paciente. Em seguida, devem ser analisados os sintomas específicos do TEPT.
Tratamentos indicados
Os principais tratamentos indicados para o transtorno de estresse pós-traumático envolvem o uso de fármacos e terapia. “A medicação a ser usada dependerá da singularidade de cada indivíduo (idade, intensidade e especificidade dos sintomas), já a psicoterapia pode ser realizada de forma individual ou, até mesmo, em grupos”, comenta a psicóloga Bianca Soll. Todavia, é importante lembrar que os medicamentos só podem ser prescritos por um médico psiquiatra.
Benefícios dos tratamentos
Além da redução e/ou do desaparecimento dos sintomas, os tratamentos para o estresse pós-traumático apresentam outros benefícios para a vida do paciente. Segundo os psicólogos George Oliveira e Bianca Soll, por meio das técnicas adequadas, é possível que a pessoa demonstre um fortalecimento dos recursos emocionais e uma melhora na qualidade de vida.
Importância da rede de apoio
De modo geral, uma rede de amparo adequada é fundamental durante o tratamento de qualquer transtorno mental. “Especialmente nos casos de TEPT, o apoio social e uma estabilidade familiar são fatores protetivos que moderam a evolução dos sintomas após o trauma”, enfatiza a psicóloga Bianca Soll.
Desse modo, a fim de que o auxílio seja efetivo, “amigos e familiares não devem pressionar para que a pessoa com TEPT fale sobre o trauma vivido. Muitas vezes, apenas se mostrar presente e atento ao que o outro está passando já é de grande ajuda, assim como incentivar a procura de um acompanhamento médico e psicológico”, complementa a profissional.