Síndrome da cabana: conheça os sintomas, as causas e os tratamentos   

Síndrome da cabana: conheça os sintomas, as causas e os tratamentos   
Adotar hábitos de vida saudáveis é essencial para auxiliar no tratamento da síndrome da cabana (Imagem: cosmaa | Shutterstock)

A síndrome da cabana é definida como um fenômeno psicológico relacionado ao medo desproporcional de deixar um ambiente em que se esteve confinado por muito tempo, seja esse confinamento voluntário ou não. Segundo a Dra. Erica Maia, psiquiatra e gerente de saúde mental da Conexa, embora a condição não seja classificada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ela é descrita historicamente por algumas populações e profissionais de saúde.  

Os primeiros relatos da síndrome surgiram há mais de cem anos, quando os trabalhadores americanos ficaram longos períodos em suas cabanas esperando o inverno rigoroso acabar. Contudo, após o término, eles tiveram dificuldade para retornar ao convívio social.  

Sintomas da síndrome da cabana 

De acordo com a Dra. Erica Maia, os sintomas mais comuns da síndrome da cabana são semelhantes aos da ansiedade, sendo eles: 

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  • Preocupação excessiva;
  • Tensão muscular; 
  • Coração acelerado; 
  • Medo excessivo; 
  • Falta de ar; 
  • Estresse; 
  • Tremores. 

Graziela Campos, psicóloga clínica e pós-graduada em Logoterapia, ressalta que os sinais descritos estão mais ligados às tentativas de sair de casa ou ao contato com o mundo externo. Dificilmente eles ocorrem em momentos aleatórios dentro do lar.  

Motivos que levam à síndrome 

Como dito anteriormente, a síndrome da cabana está relacionada a uma situação pós-isolamento. No entanto, uma questão a ser discutida são os motivos que levam a esse fenômeno.  

Conforme explica Alessandra Augusto, psicóloga, palestrante e pós-graduada em Terapia Cognitiva-Comportamental e Neuropsicopedagogia, “o isolamento por um tempo muito intenso faz com que o indivíduo entenda o lugar, que está habitando no momento de desconforto, medo e pânico, como seguro. Ele vai se adaptando a esse lugar, entendendo que o externo representa uma grande ameaça”. 

Efeitos da COVID-19 

A pandemia de COVID-19, que assolou o mundo do início de 2020 até meados de 2022, foi responsável pelo isolamento de grande parte da população. Para se protegerem do vírus, muitas pessoas tiveram que abandonar sua rotina e levar o trabalho e o lazer para dentro de casa. Ademais, ficaram impossibilitadas de se reunirem com amigos, familiares e colegas.  

Após a diminuição dos casos da doença e com a flexibilização social, foi observado o aumento dos relatos de síndrome da cabana. A psicóloga clínica Graziela Campos comenta que isso ocorreu devido ao isolamento e ao medo do adoecimento e/ou morte provocada pelo vírus. Além disso, a psicóloga Alessandra Augusto acrescenta que o temor pela vida foi refletido no ambiente externo, que passou a ser visto como perigoso.  

Homem sendo atendido por terapeuta
O diagnóstico da síndrome da cabana é realizado de forma clínica por uma profissional de saúde mental (Imagem: Prostock-studio | ShutterStock)

Diagnóstico da condição 

O diagnóstico da síndrome da cabana é realizado por um profissional de saúde mental de forma clínica, ou seja, por meio da descrição dos sintomas. “Nesse contexto, é feito o descarte do quadro de ansiedade e do quadro de depressão”, revela a psicóloga Alessandra Augusto. 

Ademais, a profissional explica que esse descarte ocorre pela circunstância da síndrome. Isso porque a ansiedade e a depressão são ocasionadas por fatores genéticos e ambientais. Por sua vez, a síndrome da cabana é desencadeada por um fator específico, isto é, o isolamento.

Tratamento indicado 

O tratamento para a síndrome da cabana envolve uma possível abordagem multidisciplinar. “No caso, é sugerido terapia para o manejo do estresse e outros sintomas que podem acompanhar, assim como para melhor entendimento do caso e reintegração das atividades usuais da pessoa em sofrimento”, pontua a Dra. Erica Maia.  

Por sua vez, Graziela Campos ressalta que, “na presença de sintomas graves, que impossibilite o indivíduo de viver sua dinâmica pessoal e profissional, além da psicoterapia, o tratamento medicamentoso pode ser uma opção”. Nesse caso, o medicamento deve ser receitado por um médico.  

Além do retorno às atividades interpessoais e profissionais, o tratamento também apresenta outros benefícios. Segundo Alessandra Augusto, é possível adquirir hábitos que ajudem na conquista ou no aumento da autoconfiança, da autoestima e da independência – sensações e comportamentos que podem ter sido perdidos ou fragmentados durante o período em que o paciente lidou com a síndrome.   

Hábitos de vida que auxiliam no tratamento 

Adotar hábitos de vida saudáveis é essencial para auxiliar no tratamento da síndrome da cabana. Logo, Raquel Melo, psicanalista e hipnoterapeuta, aconselha que o paciente crie uma rotina para se expor aos poucos, procure uma rede de apoio, mantenha a higiene pessoal, tenha noites de sono de qualidade, se alimente bem e pratique exercícios físicos. Ademais, a Dra. Erica Maia revela que “é fundamental evitar o uso de substâncias psicoativas, como cigarro, álcool e drogas ilícitas” durante a recuperação da condição.  

Agnes Faria

Jornalista pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Entusiasta das ideias e nuances do jornalismo moderno. Já atuou na produção de conteúdo para portais de notícias, revistas, blogs e redes sociais. Na EdiCase, escreve sobre diferentes temáticas, como informática, educação, saúde e entretenimento.

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