Entenda o que é bipolaridade e como tratá-la

Entenda o que é bipolaridade e como tratá-la
A bipolaridade é um tipo de transtorno mental (Imagem: Eva Kristin Almqvist | Shutterstock)

O transtorno afetivo bipolar, também conhecido como bipolaridade, é um distúrbio psiquiátrico que tem como característica episódios de oscilações de humor, variando principalmente entre estados depressivos e de mania (chamado também de fases de euforia). “A depressão pode ser sútil e os estados de mania geralmente envolvem irritabilidade e raiva”, explica a psicóloga Daniela de Oliveira.

Sintomas do transtorno afetivo bipolar

De forma geral, os sintomas do transtorno afetivo bipolar variam de pessoa para pessoa. Entretanto, de acordo com Daniela de Oliveira, os principais indícios de episódios depressivos são: tristeza, melancolia, angústia, indecisão, ansiedade, falta de perspectiva, diminuição da concentração, apatia e pensamento pessimista. Já os sinais de estados de mania estão relacionados ao pensamento acelerado, distração, confusão mental, insônia e irritabilidade.

Sinais para identificar o distúrbio no início

Apesar de não ser uma regra, no início, o transtorno afetivo bipolar também pode ser identificado por meio de alguns sintomas. Segundo a psicóloga Shana Eleve, eles são: irritabilidade, falta de atenção, aumento da ansiedade, humor depressivo, labilidade emocional e piora no desempenho profissional ou acadêmico.

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“Uma recomendação importante é sempre estar atento a alterações afetivas no sono e nos comportamentos que sejam persistentes, e que, mesmo levemente, comecem a prejudicar o desempenho social e ocupacional. Não que signifique um diagnóstico de bipolaridade, mas essas situações podem levar a pessoa a procurar uma ajuda profissional mais cedo”, orienta a psicóloga.

Tipos de transtornos bipolares

Embora a bipolaridade apresente, geralmente, as características e sintomas citados anteriormente, esse problema psiquiátrico pode ser dividido em três tipos: Transtorno Afetivo Bipolar Tipo 1, Transtorno Afetivo Bipolar Tipo 2 e Transtorno Ciclotímico.

A psicóloga Daniela de Oliveira esclarece que o tipo 1 pode ou não acompanhar episódios depressivos e apresentar mudanças de humor e estados de mania, principalmente envolvendo irritabilidade. O tipo 2, por sua vez, também abrange oscilações de temperamento, mas os sinais depressivos são mais persistentes. Já o Transtorno Ciclotímico é caracterizado por depressão intensa e situações hipomaníacas (transtorno mais leve do que a mania).

Causas da doença psiquiátrica

Assim como acontece com outros diversos distúrbios psiquiátricos, a bipolaridade também não ocorre devido a um motivo específico, mas, sim, por uma junção de fatores. “Acreditamos que aspectos genéticos associados a um ambiente desfavorável, ou seja, um ambiente hostil, em que o amor e o respeito não são prioridades, são decisivos para o desencadeamento do transtorno”, comenta a psicóloga Sirlene Ferreira.

Uso de álcool e substâncias químicas

A psicóloga Shana Eleve revela que pacientes com bipolaridade tendem a fazer uso maior de álcool e drogas ilícitas. “Além disso, o álcool e outras drogas podem intensificar os sintomas da bipolaridade. Contudo, não é possível afirmar que alguém desenvolveu o transtorno em razão de ter usado alguma substância. De maneira geral, é uma relação complexa”, afirma.

Ilustração dividida ao meio. Um lado uma mulher sorrindo em tom de vermelho; do outro lado, a mesma mulher irritada em tom de azul
Transtorno bipolar pode ter relação com outros problemas de saúde (Imagem: Vectorium | Shutterstock)

Transtorno bipolar e outros problemas de saúde

Além da dificuldade nos relacionamentos pessoais e profissionais, o transtorno afetivo bipolar também é capaz de acarretar doenças físicas. Problemas com a tireoide, enxaqueca, disfunções cardíacas, obesidade, diabetes, entre outras enfermidades, de acordo com a psicóloga Sirlene Ferreira, podem ser sintomas do distúrbio psiquiátrico.

Inclusive, segundo a psicóloga Shana Eleve, a bipolaridade pode estar associada a outras comorbidades, como transtorno de ansiedade, transtorno de personalidade e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Diagnóstico do transtorno afetivo bipolar

Atualmente, não existe nenhum exame ou teste laboratorial que identifique o transtorno afetivo bipolar. Conforme explica o psiquiatra Philipe Diniz, esse distúrbio só pode ser diagnosticado por meio de critérios clínicos.

“Nós temos uma série de parâmetros para identificar as duas oscilações da bipolaridade, ou seja, o depressivo e o maníaco. Quando chegamos a um número mínimo de sintomas para cada quadro, é possível nos aproximarmos do resultado”, complementa o médico.

Tratamento para controle da bipolaridade

O transtorno afetivo bipolar não tem cura. Todavia, existem tratamentos que podem controlar a doença. Na maioria dos casos, o tratamento costuma seguir três etapas: medicação, psicoterapia e psicoeducação. Philipe Diniz explica que o uso de medicamentos é feito ao longo da vida. Além disso, segundo o especialista, a psicoterapia e a psicoeducação irão ajudar o paciente a lidar com as dificuldades e proporcionar um conhecimento maior sobre ele mesmo e sobre o próprio transtorno.

Principais benefícios do tratamento

O tratamento para o transtorno afetivo bipolar oferece inúmeros benefícios para a vida do paciente. As psicólogas Daniela de Oliveira e Shana Eleve concordam que as principais vantagens envolvem a diminuição dos sintomas, principalmente das oscilações de humor, além da melhora na realização de atividades diárias e na manutenção dos relacionamentos profissionais e pessoais.

Importância da rede de apoio

Durante o tratamento para a bipolaridade a rede de apoio é fundamental. Nesse caso, a compreensão e os cuidados de amigos e familiares são de extrema importância. “Como em qualquer transtorno, é preciso ter paciência e dar apoio, uma vez que a pessoa se encontra em um estado de sofrimento, com respostas emocionais disfuncionais. Também é importante evitar julgamentos, pois eles podem causar mais sofrimento. Além disso, não se deve culpar a pessoa pela doença, achar que é algo irrelevante ou tentar encontrar respostas fáceis”, aconselha a psicóloga Shana Eleve.

Agnes Faria

Jornalista pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Entusiasta das ideias e nuances do jornalismo moderno. Já atuou na produção de conteúdo para portais de notícias, revistas, blogs e redes sociais. Na EdiCase, escreve sobre diferentes temáticas, como informática, educação, saúde e entretenimento.

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