5 canais digitais de digitalização financeira no Brasil

5 canais digitais de digitalização financeira no Brasil
Atualmente, o Brasil tem 88,7 milhões de cadastros no Pix (Imagem: GaudiLab | Shutterstock)

De acordo com os dados da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, é evidente que a digitalização financeira está se consolidando como uma parte integral da vida cotidiana no Brasil. O estudo mostra que a população brasileira está cada vez mais aderindo a tecnologias como o Pix, o WhatsApp e o Open Finance, resultando em um crescimento de 30% ao longo dos últimos 11 anos, com aumento de 43% das transações nos canais digitais — que agora representam quase 80% do total de operações bancárias realizadas no país.

Outro estudo, divulgado pelo Banco Central, constatou que a utilização do telefone celular para a realização de transações financeiras saltou de 9% em 2016 para 79% em 2022; enquanto, no mesmo intervalo, as operações por canais presenciais caíram de 53% para 5% e, por Internet Banking, reduziram de 38% para 16%.

O Banco Central constata que a proporção de uso desse canal de atendimento, superando não só os canais presenciais como também o Internet Banking, representa uma nova fase de digitalização do uso do sistema financeiro pela população brasileira.

Impactos da digitalização nas interações bancárias

A digitalização financeira, resultante dos investimentos da indústria bancária em tecnologia, também passaram a transformar a jornada do cliente das instituições. Com isso, se ampliam as possibilidades de realização de transações e consultas, contratação de produtos/serviços e interação com os bancos. Como resultado, os canais digitais ganham cada vez mais espaço entre os consumidores.

Reunimos abaixo cinco tópicos sobre o que você precisa saber para entender um pouco mais sobre o tema.

1. Pix

Não há mais dúvidas: o Pix já faz parte da vida do brasileiro. Criado em 2020, o sistema já era popular em 2021, quando as transações por Pix totalizavam 5,7 bilhões. Em 2022, o volume ultrapassou 11,7 bilhões – um aumento de 105%. Conforme a pesquisa da Febraban, o número de usuários cadastrados no Pix já chega a 88,7 milhões no Brasil, sendo que quase metade deles — 48% – são “heavy users” — faz mais de 30 operações via Pix no mês. O estudo também mostra que muitas pessoas que antes não costumavam usar DOC/TED acabaram por aderir ao Pix em suas rotinas.

“O Banco Central anunciou recentemente que planeja integrar Pix, Open Finance e Real Digital, com o objetivo de desenvolver uma economia digital no país com mais eficiência e segurança nas transações”, pontua Alan Mareines, CEO da fintech Lina OpenX.

Segundo o Banco Central, a evolução da quantidade de transações por meio do Pix demonstra que esse instrumento teve importante papel no significativo aumento da quantidade de transações do ecossistema de pagamentos como um todo, proporcionando a participação de pessoas que nunca haviam realizado transferências.

2. WhatsApp

Outro grande responsável pelo avanço na digitalização financeira no Brasil ocorre por conta do WhatsApp. O número de transações pela plataforma registrou um crescimento expressivo de 531% e chegou a 56,2 milhões em 2022, segundo a Febraban.

“O Brasil é o segundo maior país em número de usuários do WhatsApp, ficando atrás apenas da Índia. Aproximadamente 80% dos usuários utilizam o aplicativo para entrar em contato com empresas, seja para tirar dúvidas, pedir informações, suporte técnico ou para comprar produtos e contratar serviços. Já faz parte do dia a dia do brasileiro e certamente essa presença se expandirá”, explica Eduardo Augusto, CEO da IDK, primeira comtech do Brasil.

3. Inteligência artificial

As aplicações de biometria facial e os chatbots estão entre as mais importantes novidades para os bancos em 2023 no campo da inteligência artificial, conforme o levantamento da Febraban, conferindo mais segurança e eficiência nas operações, além de proporcionar atendimentos cada vez mais personalizados aos clientes.

“A inteligência artificial tem sido explorada por grandes empresas mundiais há muito tempo e justamente por isso, hoje, podemos ter acesso a serviços que utilizam a tecnologia e viabilizam a democratização da digitalização financeira. A IA pode impulsionar o crescimento e o desenvolvimento em todos os setores, incluindo o setor financeiro”, destaca Eduardo Augusto.

Recente estudo da Juniper Research apresenta que os gastos globais com chatbots podem chegar a US$ 12 bilhões até o final de 2023 e crescer para US$ 72 bilhões até 2028. Além disso, diversos bancos — sobretudo os digitais — já utilizam a tecnologia de biometria facial nas operações via aplicativo, reforçando a importância da aplicabilidade da IA.

Homem com celular na mão e mexendo no notebook
No Open Finance, o histórico financeiro do consumidor pode ser compartilhado com uma variedade de instituições (Imagem: GaudiLab | Shutterstock)

4. Open Finance

O Open Finance proporciona ao cliente a possibilidade de compartilhar seus dados com outros bancos e instituições financeiras, reunindo um portfólio de possibilidades de compartilhamento completo, o que inclui câmbio, investimentos, seguros e previdência. Os clientes têm maior controle do compartilhamento de informações pessoais com operadoras de serviços financeiros não vinculadas a sistemas bancários.

“A proposta é que essa troca de dados permita a criação de produtos ainda mais personalizados para cada necessidade. O consumidor pode ainda levar seu histórico financeiro não só para bancos, mas também para uma corretora de seguros, um fundo de previdência e uma série de outras instituições”, explica Alan Mareines, CEO da Lina Open X.

A pesquisa da Febraban detectou um crescimento de 971% em 2022 na quantidade de usuários pessoa física em comparação com o ano anterior. 80% dos bancos respondentes do levantamento afirmam que até 10% de sua base de clientes aderiu ao Open Finance, número que deve apresentar novo crescimento neste ano.

5. Infraestrutura

Para 2023, de acordo com a Febraban, a maioria dos bancos (69%) pretende aumentar o quadro de profissionais de tecnologia, especialmente com desenvolvedores, especialistas em segurança da informação e cientistas e engenheiros de dados. Isso está alinhado ao foco de investir na exploração dos dados obtidos via Open Finance e, por consequência, na proteção de informações sigilosas dos clientes. 

As ações voltadas à formação de times ágeis tiveram expansão de 55% segundo o estudo, com crescimento de 41% em número de pessoas treinadas. Já os investimentos para treinar funcionários de TI cresceram 18%, com alta de 15% em pessoas treinadas.

“O fato é que a transformação digital já é uma realidade, avança ano a ano e vem para elevar o nível do mercado no país, além de democratizar o acesso aos serviços bancários. O Brasil já é referência mundial em Open Finance, conta com uma tecnologia avançada como o Pix, que também é referência no mundo, e tanto o cliente quanto o mercado só têm a ganhar. As instituições precisam cada vez mais explorar de forma inteligente as oportunidades que surgem com os avanços tecnológicos, e o horizonte se mostra positivo”, conclui Mareines.

Por Letícia Carvalho

Redação EdiCase

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