Envelhecer não é necessariamente sinônimo de dependência, sendo importante que as pessoas pensem em um envelhecimento saudável e atuem no sentido da prevenção em idade precoce, minimizando, assim, os problemas decorrentes de um envelhecimento patológico e incapacitante.
Luciene Corrêa Miranda, mestre em Psicologia e pós-graduada em Desenvolvimento Humano, alerta que é importante mudarmos a ideia de que todo idoso necessitará de cuidados de terceiros. “Idosos saudáveis, do ponto de vista biopsicossocial, ou seja, que gozam de boa saúde física, cognitiva e mantêm relações sociais favoráveis, podem não necessitar de cuidadores, mesmo em idade mais avançada”, afirma a profissional.
Segundo a especialista, os “idosos que apresentam problemas de saúde mais sérios, que impõem riscos à sua vida ou que apresentam demência, infelizmente necessitarão de cuidados, o que geralmente traz uma série de problemas e constrangimentos não só para eles, como também para os familiares”.
Lugar ideal para residir
Uma das questões mais difíceis de lidar nessa fase, quando o idoso precisa de cuidados, é decidir qual é o lugar ideal para ele residir. Luciene Corrêa Miranda lembra que algumas questões principais devem ser consideradas nessa escolha.
“A primeira é onde o idoso poderá residir, se continuará em sua própria casa, recebendo a atenção dos filhos ou de um cuidador profissional; se irá para uma instituição de longa permanência para idosos [ILPI] ou se um filho se mudará para a casa do idoso”, explica a psicóloga.
Neste segundo caso, Luciene Corrêa Miranda alerta que é o filho que assume o papel de cuidador; por isso, é preciso cuidado para que ele não fique sobrecarregado. “Por último, a família deve ficar atenta para que o estresse do cuidado com os pais idosos não cause ou potencialize conflitos familiares já existentes”, explica.
Instituição de longa permanência para idosos
Quando o idoso não tem condições de viver sozinho, a família deve buscar as alternativas menos traumáticas possíveis, de acordo com o perfil e com o modelo de vida. O objetivo é que o idoso resida em segurança e o cuidador também possa gozar de uma boa qualidade de vida.
Muitas pessoas têm medo de encaminhar o idoso para uma ILPI, pois essa opção pode parecer um abandono, mas não precisa ser assim. “A ILPI é a melhor alternativa quando a casa do idoso não lhe oferece infraestrutura adequada ou quando ele precisa de supervisão profissional em tempo integral”, conta Luciene Corrêa Miranda.
Cuidados antes da internação
A psicóloga ressalta que, antes de internar o idoso neste ambiente, é importante que a família verifique se o local conta com condições higiênicas, se é legalizado junto aos órgãos competentes e se os profissionais são registrados em seus conselhos de classe.
“Os familiares devem se conscientizar que levar um idoso para uma ILPI não significa isentar-se de responsabilidades. Além de cumprir as exigências financeiras (visto que a maioria destes locais é particular), devem estar sempre presentes, para não romper os vínculos familiares e para verificar se o idoso está sendo bem assistido”, aconselha.
Mantendo o idoso em sua casa
Por outro lado, se a casa do idoso oferece condições favoráveis, manter um cuidador domiciliar pode ser uma boa opção. “Porém, a família precisa se lembrar de que o profissional deve ser contratado seguindo as regras da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]”, recomenda Luciene Corrêa Miranda. É importante ressaltar que a escolha do cuidador deve ser cautelosa, assim como se escolhe uma babá, pois ele ficará responsável pelo idoso em tempo integral.
Atenção ao excesso de cuidado
Nessa fase da vida, muitas vezes os papéis se invertem e os filhos acabam assumindo responsabilidades de pais. Então, é necessário tomar cuidado, pois, se o idoso for lúcido e independente, essa troca de papéis pode fazer com que ele se sinta diminuído.
“Infantilizar o idoso ou cercá-lo de mais cuidados do que ele realmente necessita não é bom, pode deixá-lo com a sensação de inutilidade ou ainda acomodado e, consequentemente, mais dependente e constrangido”, alerta a psicóloga.
Já frente a um idoso totalmente dependente, esta inversão de papéis acaba ocorrendo. “O idoso precisa de um filho atento, cuidadoso, zeloso e que se preocupe com seu bem-estar, respeitando suas limitações e promovendo suas potencialidades”, explica Luciene Corrêa Miranda.