Entenda como o consumo de álcool afeta o cérebro humano

Entenda como o consumo de álcool afeta o cérebro humano
Consumo de álcool em excesso pode afetar o sistema nervoso (Imagem: ESB Professional | Shutterstock)

Apesar das inúmeras propagandas que informam sobre o efeito do álcool no organismo, essa substância ainda faz parte da vida de muitas pessoas. Consumido de forma moderada, o efeito da bebida sobre o corpo pode até ser reduzido; no entanto, o grande problema ocasionado por ela está no consumo exagerado.

Os abusos na ingestão costumam ser frequentes e podem causar problemas de saúde graves, principalmente na região do cérebro. “Apenas duas pequenas doses de álcool podem causar alterações nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento de informação”, diz o Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de SP.

A seguir, o médico explica como o álcool pode afetar a atividade cerebral e as suas consequências sobre o organismo. Veja!

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Por que o álcool afeta o cérebro?

A ingestão de bebidas alcoólicas afeta diretamente os neurotransmissores do cérebro. Isso faz com que eles sejam liberados em quantidades diferentes do normal e aumentem o ácido gama-amino-butírico, que provoca desinibição, e a dopamina, que dá uma sensação de euforia após as primeiras doses. 

Esse estrago acontece porque, quando o álcool etílico, presente nas bebidas alcoólicas, entra no corpo, um dos efeitos é que as células do cérebro sejam danificadas e algumas morram. Isso porque essa é uma substância solúvel em água que se acumula em volumes críticos nos órgãos em que o sangue é mais abundante. E o cérebro é um deles.

Pessoas segurando garrafas de cerveja
Álcool altera o pensamento lógico e a fala (Imagem: Africa Studio | Shutterstock)

Consequências da substância no órgão

O córtex cerebral é a área responsável por todos os processos do pensamento, de informação e de consciência. “O dano acumulado causado pelo álcool nessa parte dificulta o pensamento lógico racional e o desenvolvimento normal da fala”, alerta Dr. Fernando. Ele ainda explica que há danos na forma de caminhar, em função dos transtornos sofridos na área da coordenação motora e no controle inibitório – área responsável pelo conhecido popularmente como “juízo”.

Outros prejuízos para o corpo

Em altas doses, quando o álcool afeta o bulbo (parte do tronco cerebral que regula a respiração e a circulação), há risco de bloqueio na respiração. Porém, na maioria das vezes, antes de isso acontecer, a sonolência aparece, e muitas pessoas sentem vontade de dormir após beberem; por isso (e também por sorte), acabam não chegando ao coma alcoólico. Passado isso, vem a temida ressaca. Essa é a reposta do organismo à folia que aconteceu no metabolismo. É aí que o corpo sofre uma série de mudanças biológicas. O resultado é um conjunto típico de sintomas da intoxicação. 

A explicação fisiológica relacionada a esse processo é: para metabolizar o excesso de álcool, o organismo acaba sobrecarregando todos os órgãos envolvidos no processo, em especial o fígado, já que é nele que são produzidas enzimas para metabolizar o etanol. Durante a bebedeira, esse órgão “absorve” também a ideia de que precisa trabalhar “bêbado” e acaba pedindo mais álcool, porque entra em crise de abstinência. Os resultados são dor de cabeça, desidratação, enjoo, diarreia e extremo cansaço. 

Efeito do álcool no envelhecimento do cérebro

Cada grama de álcool consumida chega a envelhecer o cérebro precocemente em um dia e meio, segundo um estudo divulgado no último dia 30 de janeiro no Scientific Reports, feito por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC). Os cientistas usaram dados estruturais de imagens de exames ressonância magnética de mais de 12 mil pessoas para calcular a idade cerebral prevista de quem possui o hábito de ingerir álcool, comparando com a idade relativa do cérebro.

Os resultados também mostraram anos a menos para a massa cinzenta devido aos sinais de deterioração do órgão. E, apesar das descobertas, os cientistas concluíram que outros fatores também podem levar ao envelhecimento acelerado, como a genética e o estilo de vida. 

Por Mayra Barreto Cinel

Redação EdiCase

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