Entenda como o TDAH pode afetar a qualidade de vida

Entenda como o TDAH pode afetar a qualidade de vida
Entre 5% e 8% da população mundial é afetada pelo TDAH (Imagem: Suzanne Tucker | Shutterstock)

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno comportamental que geralmente surge na infância, por volta dos 12 anos, e acompanha o indivíduo durante toda a vida adulta. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o número de casos de TDAH variam entre 5% e 8% a nível mundial. Além disso, estima-se que 70% das crianças com o transtorno apresentam outra comorbidade e pelo menos 10% apresentam três ou mais comorbidades.

A seguir, Rafael Engel, neuropediatra e especialista em Neurociências, explica um pouco mais sobre o TDAH.

Sintomas do TDAH

Os sintomas centrais do TDAH são desatenção e hiperatividade/impulsividade. A desatenção é vista como divagação frequente, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização, apesar de o indivíduo ter uma boa compreensão do que está sendo solicitado e de não estar sendo desafiado.

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A hiperatividade se refere a uma atividade motora excessiva em momentos inapropriados. Isso pode ser observado, por exemplo, quando uma criança corre descontroladamente em qualquer ambiente ou quando um adulto demonstra uma grande inquietação, chegando a cansar os outros com sua agitação.

Já a impulsividade está relacionada à intromissão social, como interromper os outros com frequência, ou a ações precipitadas que podem colocar a pessoa em risco, como atravessar uma rua sem olhar. Também pode envolver a tomada de decisões importantes sem considerar as consequências a longo prazo, como aceitar um emprego sem ter informações adequadas sobre ele.

Causas e os fatores de risco

Segundo Rafael Engel, as causas e os fatores de risco para o TDAH são desconhecidos, mas vários estudos demonstram a base neurobiológica do transtorno, ou seja, fatores genéticos e bioquímicos. “Acredita-se que a intensidade das manifestações seja uma combinação principalmente da genética com alguns fatores ambientais, como exposição a toxinas durante a gestação, sobretudo tabaco, prematuridade e baixo peso ao nascer. Fatores que são considerados de risco para qualquer transtorno do neurodesenvolvimento”.

Como obter o diagnóstico?

O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, é realizado apenas por médicos especializados, como neuropediatras e psiquiatras. “No Brasil, costumamos utilizar os critérios descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), organizado pela Academia Americana de Psiquiatria, para uma padronização do diagnóstico”, diz Rafael Engel.

Tratamentos para o TDAH

Conforme explica o neuropediatra, o tratamento é a longo prazo e primordialmente baseado em intervenções terapêuticas e educacionais, direcionadas ao próprio indivíduo e aos seus familiares. Também é baseado em mudanças e adaptações sociais que atendem à legislação de inclusão vigente.

A curto prazo, existem alguns medicamentos disponíveis que ajudam a amenizar os sintomas, mas que precisam ser avaliados e indicados caso a caso. Alguns estudos estão avaliando o benefício de outras intervenções, como práticas manipulativas de energia, mas ainda sem indicação científica precisa.

Além disso, conforme explica o especialista, assim como em todo transtorno, não há uma cura para o TDAH. O tratamento apenas ajuda o paciente a desenvolver ferramentas e estratégias para lidar com suas características, de forma que não seja mais prejudicado por elas e, com isso, melhorar sua qualidade de vida.

Criança com TDAH entediada
Os sintomas de desatenção e hiperatividade dificultam a concentração nas aulas (Imagem: Ground Picture | Shutterstock)

Efeitos do TDAH na vida acadêmica

Para considerar o diagnóstico de TDAH, é importante observar se há um impacto negativo no desempenho acadêmico, que não está relacionado a problemas de inteligência. “Isso ocorre porque os sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade dificultam a concentração nas aulas, o planejamento, a organização e a execução das tarefas, além do cumprimento de prazos escolares (o que chamamos função executiva)”, diz o especialista em Neurociências.

Muitas vezes, o prejuízo acadêmico de crianças, adolescentes e, até mesmo, adultos jovens pode ser difícil de ser percebido, pois os cuidadores e professores geralmente fazem um esforço extra para controlar os sintomas e garantir que os trabalhos e prazos não sejam perdidos.

TDAH na fase adulta

Embora o TDAH geralmente se inicie na infância, os prejuízos associados a ele podem ser observados também na vida adulta. Em alguns casos, suspeita-se do diagnóstico quando indivíduos apresentam histórico de troca frequente de empregos, dificuldade em manter relacionamentos estáveis ou cometem pequenas infrações no trânsito devido a descuido, ou à desatenção.

Possíveis complicações associadas ao TDAH

Além dos prejuízos evidentes nas relações sociais e no desempenho acadêmico e profissional, notam-se complicações principalmente associadas à falta de diagnóstico e tratamento adequados. “Essas complicações incluem riscos de acidentes, abandono escolar, maior propensão ao desenvolvimento de outros transtornos, como ansiedade, depressão e abuso de drogas e álcool, e um maior risco de suicídio. Por isso é tão importante o conhecimento sobre o transtorno, que as crianças sejam encaminhadas para avaliação desde cedo e que os adultos procurem ajuda adequada ou sejam encaminhados por seus familiares”, finaliza Rafael Engel.

Por Janaine Fernandes

Redação EdiCase

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