Craques do passado: relembre a carreira e o legado do Dr. Sócrates

Craques do passado: relembre a carreira e o legado do Dr. Sócrates
Sócrates revolucionou e marcou gerações no futebol brasileiro (Imagem: Reprodução Digital / Acervo Corinthians)

Um dos maiores jogadores da história do Corinthians e do futebol brasileiro, Sócrates foi um símbolo marcante do esporte dentro e fora de campo. Com passes brilhantes, precisos e toques de calcanhar, o craque dos anos 80 marcou o esporte com o seu jeito de jogar e conquistou o mundo com o enorme talento. 

Conhecido pelo forte engajamento político, o jogador revolucionou o futebol e se tornou ídolo de muitas gerações. Isso porque o atleta lutou, na prática, por um Brasil menos desigual e pela participação efetiva de jogadores na decisão do dia a dia dos clubes. Com um legado que vai além da história no esporte, Sócrates tem uma trajetória repleta de gols e conquistas. 

Nasce um craque imortal 

Nascido em Belém, no Pará, em 19 de fevereiro de 1954, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, também conhecido como “Dr. Sócrates” ou “Magrão”, cresceu em uma família com cinco irmãos, incluindo o jogador Raí. Filho de Guiomar de Oliveira e de Raimundo de Oliveira, o interesse por esportes foi despertado no craque ainda no colégio, onde começou a praticar o futebol e se destacar pelo talento. 

Início de carreira 

Aos 16 anos, o jogador iniciou a carreira quando ingressou no time juvenil do Botafogo, clube de Ribeirão Preto (SP). Aos 17, o atleta começou a estudar na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, polo USP, (por isso o apelido de “Doutor”) e teve que conciliar o amor pelo futebol e os estudos.  

Com 19 anos, em 1973, o craque começou a jogar profissionalmente como meio-campista pelo Botafogo, mas, por causa da faculdade, quase não treinava. No ano de sua formatura, em 1977, ele voltou a se dedicar ao futebol e, junto com Zé Mário, fez história no clube, conquistando a Taça da Cidade de São Paulo, equivalente ao primeiro turno do Paulistão. 

No mesmo ano, durante o Campeonato Paulista, jogando contra o Santos, na Vila Belmiro, Sócrates aterrorizou o time e marcou seu famoso gol de calcanhar, comandando o Botafogo na vitória por 3 a 2 contra o Peixe, em uma virada que marcou a sua carreira. Em 1978, com 269 partidas e 101 gols pelo time, o atleta se despediu do clube e foi transferido para o Corinthians. 

Estrela do Corinthians 

O craque chegou ao Timão e foi peça essencial para a conquista de importantes competições. Com a camisa alvinegra, o atleta estreou no time em uma partida contra o Santos, pelo Paulistão, que terminou em empate de 1 a 1. No entanto, o seu primeiro gol pelo clube foi marcado em sua segunda partida oficial, contra o Ferroviária-SP, no Pacaembu. Aos 36 minutos do primeiro tempo, o jovem Sócrates balançou as redes e abriu o placar do que viria a ser a vitória de 2 a 0. 

A partir disso, com o seu famoso calcanhar, o Dr. Sócrates começou a brilhar no Corinthians ao realizar belos passes e defesas . Assim, ele se tornou um dos maiores jogadores da história do clube: foram 172 gols com a camisa corintiana durante seus 298 jogos disputados, de acordo com dados do site oficial do time. 

Inteligente e habilidoso, além das belas jogadas dentro de campo, Magrão se destacou no clube paulista pelo engajamento político durante as “Diretas Já”, em 1980. Junto com Wladimir, Casagrande e Zenon, foi um dos idealizadores do movimento “Democracia Corintiana”. Com o slogan “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”, o movimento revolucionou a história do futebol e mudou a forma com que os clubes eram gerenciados. 

Títulos conquistados no Corinthians 

Durante a sua carreira, Sócrates jogou pelo Corinthians durante 7 anos, entre 1978 e 1984.  Nesse período, conquistou com o clube importantes títulos, como: 

  • 3 Campeonatos Paulistas (1979, 1982 e 1983); 
  • Troféu Feira de Hidalgo (1981); 
  • Taça Cidade de Porto Alegre (1983); 

Jogos pela Seleção Brasileira 

Marcado por seu chute de calcanhar e com uma passagem excelente pelo Corinthians, Sócrates estreou na Seleção Brasileira em 1979, nas eliminatórias para a Copa do Mundo, em uma goleada de 6 a 0 sobre o Paraguai, no Maracanã. Mas o primeiro gol do jogador com a camisa verde e amarela ocorreu em um amistoso contra o Uruguai, no mesmo ano. 

Na terceira partida pela Seleção, o craque foi destaque da jogada e marcou 2 gols contra o Ajax, de Amsterdã, na goleada de 5 a 1 sobre o time. Após a fase de eliminatórias, o meia disputou a primeira Copa do Mundo, em 1982, e marcou dois gols naquele ano, o primeiro contra a União Soviética, na vitória por 2 a 1, e o segundo sobre a Itália, quando o Brasil foi eliminado da disputa por 3 a 2. 

Em 1983, Sócrates foi convocado para defender novamente a Seleção e conquistou o vice-campeonato na Copa América com o time. A partir disso, Magrão foi chamado novamente para disputar a segunda e última Copa do Mundo dele, em 1986, no México. Mesmo sem estar em boa forma física, e com a dificuldade do time, o jogador marcou o gol da vitória de 1 a 0 sobre a Espanha. 

No entanto, nas quartas de final, a Seleção foi eliminada da disputa ao perder de 4 a 3 para a França, na decisão por pênaltis. Assim, o meio-campista encerrou a participação pela Seleção, com 22 gols, 60 jogos e nenhum título pelo Brasil. 

Jogador de futebol Sócrates com a camisa do Corinthians e faixa do time
Sócrates foi um dos idealizadores da ‘Democracia Corintiana’ (Imagem: Reprodução digital / Arquivo Corinthians)

Saída do Corinthians 

Em 1984, o Dr. Sócrates vestiu pela última vez o manto do Corinthians. Em um amistoso contra o Santos da Jamaica, o jogador marcou o último gol, e o único da partida, pelo time, que perdeu por 2 a 1. Assim, foi encerrada a trajetória de um dos maiores ídolos e jogadores da história do Timão. 

Passagem pelo Fiorentina 

No mesmo ano em que se despediu do Corinthians, Sócrates foi negociado pelo Fiorentina, da Itália. Contudo, não repetiu o mesmo sucesso que teve em solo nacional, desagradando os torcedores italianos. Por isso, em 1985, foi desligado do time, disputando apenas uma temporada e totalizando 25 jogos e 6 gols. 

Promessa que não se confirmou no Flamengo 

Após não ter dado certo no time europeu, Magrão retornou para o Brasil, em 1985, para jogar pelo Flamengo. No clube carioca, esteve ao lado de Zico, e era visto como a grande promessa da temporada, porém acabou decepcionando os torcedores. 

Durante a trajetória no Rubro-Negro, o craque não realizou grandes jogadas, foram apenas 5 gols em 25 partidas disputadas. Mesmo assim, conquistou o Campeonato Carioca. Mas, devido ao baixo desempenho e problemas na coluna, em 1986, foi desligado do clube. 

O time de infância e o retorno ao Botafogo 

Em 1988, após um ano fora dos gramados, Sócrates fez uma breve passagem pelo Santos, o seu time de infância. O craque estreou com a camisa do Peixe em um amistoso contra o Cerro Uruguaio e realizou um gol de cabeça na vitória de 4 a 2. 

Contudo, devido à crise financeira do Alvinegro Praiano, a jornada do atleta pelo clube durou pouco e, em 1989, após 47 jogos e 14 gols, ele se despediu do time de infância.  No mesmo ano, o Dr. Sócrates, já com 35 anos, voltou a jogar pelo Botafogo, onde encerrou a sua carreira. 

Prêmios conquistados pelo craque 

Com 19 anos de história no futebol e uma atuação marcante, o jogador conquistou os seguintes prêmios individuais: 

  • Bola de Prata pela revista Placar (1980); 
  • Craque do ano pela revista Placar (1982 e 1983); 
  • Melhor jogador Sul- Americano pelo jornal El Mundo (1983); 
  • Fifa 100 (2004); 

Trajetória como técnico

Em 1989, Sócrates se aposentou dos gramados. Contudo, retornou em 1994, dessa vez como técnico do Botafogo. A passagem pelo time como treinador encerrou a trajetória com o clube que o revelou para o mundo. Como técnico, o craque comandou ainda o LDU, do Equador, em 1996, e a  Associação Desportiva Cabofriense, do Rio de Janeiro, em 1999. 

O adeus ao ídolo 

Em agosto de 2011, Sócrates morreu em decorrência de uma infecção generalizada. Assim, um dos maiores ídolos do futebol se despediu, confirmando a sua profecia de morrer quando o Corinthians fosse campeão. No mesmo ano, o Timão conquistou o Brasileirão de 2011. 

Vitoria Rondon

Jornalista formada pela FIAM-FAAM | FMU e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Universidade São Judas. Apaixonada por este campo desde a adolescência, vem construindo sua trajetória nesse universo inspirador. Atualmente, atua na EdiCase produzindo textos sobre uma ampla variedade de temas. É fascinada pelo poder das palavras e pela capacidade da comunicação de transformar e conectar pessoas.

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