Neurologista explica que pacientes com afasia podem ter problemas para se comunicar e entender diálogos
Por Simone Valente
Recentemente, dois artistas anunciaram a aposentadoria por conta de uma mesma doença. O primeiro foi o ator Bruce Willis e, após, o cartunista brasileiro Angeli. Ambos foram diagnosticados com afasia. Mas, afinal, o que é essa enfermidade?
Inicialmente, é importante entender o que é afasia. “A afasia é um sintoma e caracteriza qualquer disfunção que prejudique a linguagem de diferentes maneiras, seja na fala, na escrita ou na leitura. Ela pode ser sintoma de várias doenças neurológicas, como o acidente vascular cerebral (AVC), epilepsia, tumor cerebral, demência e, inclusive, da afasia progressiva primária”, explica a neurologista Viviane Moroni Felici.
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O que é afasia progressiva primária?
A Afasia Progressiva Primária, que acometeu os dois artistas, é uma doença que pode afetar o modo como a pessoa se expressa. É degenerativa e definida como um quadro demencial, assim como o Alzheimer. Como a afasia primária afeta a linguagem, os primeiros sintomas muitas vezes só são percebidos pelo próprio paciente. Eles podem ser notados em situações cotidianas.
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Confira os principais sintomas
- Discurso mais lento ou com hesitações;
- Não conseguir lembrar nome de objetos ou palavras que quer falar;
- Diminuição no uso da linguagem;
- Dizer ou escrever palavras fora de ordem em uma frase;
- Não entender, momentaneamente, palavras consideradas simples;
- Trocar palavras;
- Problemas na escrita e na leitura;
- Dificuldade em fazer cálculos simples;
- Não lembrar nome de pessoas mesmo que sejam conhecidas;
- Não entender um diálogo mesmo que esteja ouvindo perfeitamente.
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Diagnóstico de afasia
Segundo a Dra. Viviane, primeiramente o paciente deverá passar por algumas avaliações, como a neurológica, a neuropsicológica e uma que faça a análise do discurso e da linguagem. Na sequência, ele será encaminhado para os exames.
Exame de sangue: para excluir outras doenças que possam dar sintomas parecidos;
Ressonância magnética: o exame é fundamental para que o neurologista possa avaliar quais são as áreas afetadas do cérebro;
Tomografia de emissão de positrões: o fluxo sanguíneo e anomalias no metabolismo do açúcar em diferentes regiões do cérebro podem ser analisadas a partir dela;
Testes genéticos: eles podem identificar mutações genéticas que estejam associadas à afasia primária.
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Tratamento
“A afasia é uma doença sem cura e sem reversão. Então, o tratamento é responsável apenas por retardar as consequências da condição. Alguns medicamentos podem minimizar os impactos decorrentes dos sintomas, mas o acompanhamento médico pode ajudar ainda mais”, explica a Neurologista Viviane Moroni. Para isso, ela esclarece que uma equipe multidisciplinar formada por neurologistas, fonoaudiólogos e neuropsicólogos podem ser necessários na atuação no caso.
Conforme explica a médica, de acordo com o perfil de cada paciente é possível elaborar métodos que o ajudem a conviver melhor com as dificuldades. Além disso, também podem ser substituídos os métodos de comunicação, trocando a fala por gestos ou escrita, por exemplo.
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Complicações
Mesmo com a possibilidade de buscar uma melhora na qualidade de vida do paciente, a afasia primária pode trazer outras complicações à saúde. “Alguns pacientes também têm dificuldade na deglutição, o que pode gerar engasgos e pneumonias. Por isso, é imprescindível iniciar o tratamento o quanto antes”, finaliza a especialista.
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